A beleza natural e as potencialidades dessa zona alta. Venham investir em São Lourenço!
Três anos após o meu desaparecimento das páginas de jornais, volto novamente para dizer aos meus leitores que nunca foi a minha intenção, abandonar a escrita. Todo esse silêncio deve-se à longa espera de ver os meus artigos publicados a partir do momento em que dei à estampa, em Setembro de 2006 (por ocasião da abertura do ano lectivo), um artigo intitulado ” a geografia do ensino no mundo. O mito e a globalização”, após o qual nem eu e nem os meus leitores viram a minha publicação, apesar de eu ter acumulado artigos em diferentes jornais nacionais.
Devo dizer que, durante todo esse tempo, a minha mente, vinha registando e imprimindo coisas importantes, sendo por vezes transmitidos e partilhados com alunos do ex. ISE e actual UNICV, enquanto politólogo e professor visitante.
Desta vez, aproveito esta nova inspiração e oportunidade para iniciar com artigos relacionados com um dos pontos mais emblemáticos do interior de Santiago e de São Lourenço, na sua particularidade – Pico de Antónia. E nem faço isso apenas por ter nascido e crescido ali, mas por razões ainda mais fortes, tendo a ver com a necessidade de descoberta ou exploração daquele que constitui um paraíso natural. Parece mesmo um caso sui generis, a natureza desse local, fazendo diferença quando comparado com outras partes arquipelágicas, com características semelhantes.
Imagem, ilustrando a bela paiságem de Pico de Antónia
Entende-se que Pico de Antónia foi descoberto em parte desde a era colonial e, de acordo com a evolução social, durante a primeira república até o presente, o estado cabo-verdiano vem colocando mãos à obra dentro das possibilidades existentes. Hoje 60% das casas têm energia eléctrica, faltando apenas 40% para a conclusão da electrificação dum dos cantos geoestratégicos e de grande relevância no contexto do desenvolvimento de todo o arquipélago, de um modo geral, sobretudo se conseguirmos determinar a mais adequada filosofia de exploração e gestão.
É claro que também em relação a uma melhor exploração deste tão importante espaço, não se deve esperar apenas para a intervenção do estado. É mister a iniciativa do sector privado, i.e., razão que me leva a emitir esta opinião. CV entrou a mais de um ano na lista de países de desenvolvimento médio, o que significa que nos rodeiam desafios enormes para enfrentarmos. Até porque a competitividade requer investimento, inovação e controlo de gestão. Pois quando se ambiciona o êxito ou a competitividade da economia, inclusive empresarial, deve-se pensar, a priori, no plano de investimento e na inovação do negócio. Nós, também o “povo das montanhas”, ambicionamos obras de embelezamento do nosso habitat. Irmãos, Governar Cabo verde equivale metaforicamente, gerir uma grande empresa. O sucesso depende da boa gestão (da boa governação), assim como defendeu ainda no séc. XVIII, o autor do “Capital” Karl Marx, o grande economista alemão. Eis a razão para o qual devemos sonhar e ambicionar, trabalhando cada vez mais e ter uma visão cada vez mais clara em termos do futuro.
Queira dizer que já é altura de passarmos do mar para a montanha (isto não significa abandonar a cultura dos investimentos turísticos típico das praias do mar, mas sim, apelar maior atenção dos investidores, também, em direcção às zonas altas) pelas potencialidades ali existentes. E nessa óptica, não se deve alienar a cultura e necessidade de intervenção do estado. Porque na minha opinião e em defesa de desenvolvimento do país, a CI- Cabo verde investimento, tutelado pelo ministério da economia, deve também adoptar um outro estilo de gestão, através da criação daquilo que eu, na linguagem simples, chamaria de ZER/M (Zona de Embelezamento Rural/das Montanha isto é, se quiserem, a invenção de novos ZDTI’s (Zonas de desenvolvimento do turismo integrado) com características diferentes. E, não falo apenas da necessidade de transformação dessa zona do interior de Santiago. Faço alusão a qualquer das ilhas ou espaços geográficos com potencialidades semelhantes.
Relativamente a Pico de Antónia, bem como outros paraísos naturais do município de São Lourenço dos órgãos, pode-se pensar, a priori, no facto da existência da propriedade, na sua maioria, privada, podendo invocar, naturalmente, a questão da negociação dos terrenos. Isto, a meu ver, não constitui uma barreira, na medida em que, em defesa e construção da boa imagem local e também, do desenvolvimento do Concelho, pode - se ceder facilmente ao negócio dos terrenos que, por um lado, não põe em causa a tradição e cultura da população local e por outro, trará grande benefício à comunidade, pelo desenvolvimento de oportunidade de negócios e consequentemente, melhorias das suas condições económicas, sem falar ainda duma maior promoção e desenvolvimento local.
Falo em nome dum simples munícipe. Por isso, neste momento, não me coloco na posição de um economista e nem de um político, apesar de ter passado pela formação em todas essas vertentes científicas. A minha pretensão tem a ver exclusivamente com a necessidade de investimento e inovação ou seja, como disse em parte nesse artigo, é preciso olhar muito rapidamente em direcção à montanha e projectar uma nova engenharia de investimento mais voltada para o espírito de desenvolvimento rural.
A minha visão em relação às potencialidades do município aumentou, sobretudo através da troca de conhecimentos com Dr. José Mário Sousa numa altura em que acompanhamos, conjuntamente, alguns consultores ao terreno, visando o levantamento de diagnósticos para a elaboração do plano estratégico municipal. Aprendemos, portanto muito com esses cérebros, em termos de lição inerente a importância estratégica dos principais pontos do mais novel município.
Passaporte: Pico da Antónia, com 1.394 m de altitude, é o ponto mais elevado da ilha de Santiago, no arquipélago de Cabo Verde[1]. Fica situada em paralelo com a Longueira, apresentando também um microclima, o que atrai os visitantes deixando-os apaixonados e com vontade de voltar. A montanha serve de fronteira entre os concelhos de São Salvador do Mundo, São Lourenço dos Órgãos e Ribeira Grande de Santiago. Em termos demográficos, tem uma população residente de pouco mais de 700 habitantes, segundo senso de 2000. É uma zona potencialmente agrícola. A percentagem expressiva da sua população vive da agricultura e da pecuária. Mas também há pessoas inseridas noutros sectores de actividade, nomeadamente no terciário, caso do comércio.
Quando se fala de inexploração quer se dirigir aos empresários, ou seja, tanto os investidores internos, como externos, no sentido de planearem o investimento para o pulmão de São Lourenço dos Órgãos. Porque Pico de Antónia é um espaço verdejante de belas paisagens, com potencialidades para o desenvolvimento, primeiro, do turismo de montanha, pela própria natureza da região. Trata-se do pico (monte) mais alto desta ilha; segundo, do turismo ecológico, pela existência de plantas frutíferas, como por ex. a existência de mangueira em abundância, árvores raras inclusive as centenárias, como no caso da lemba-lemba (planta com raiz aéreo), manipo, nispre, etc); terceiro, do turismo solidário por causa da hospitalidade das suas gentes. Além disso, é um lugar onde se pode observar e sentir o sabor da água de nascente apelidada pelos seus residentes de “caramulo de padjon di riba e de João Sanches, os pontos mais alto deste lugar.
Quando, ao longo do levantamento ou observação daqueles que Dr. Tomé Varela chamou de monumentos naturais do concelho, se evocou a necessidade de construção de miradouros, isto é, infra-estruturas turísticas típicas das zonas altas, nesse caso particular, em referencia à razta (montaínha-cima), surgiu-me a ideia do investimento na zona de Padjon di riba, em pequenas construções de residenciais turísticas, cobertas inclusive de palha, num planalto de onde se pode observar, além de todo o concelho, mais o de Santa cruz, ainda parece visível Município de Santa Catarina, S. Salvador do mundo, parte do Tarrafal, Plateau, bem como ilha do Maio, fogo e Brava. Dali é vista o mais importante de tudo, toda a beleza natural de Pico de Antónia, Longueira, São Jorge. Por isso contamos com a vinda dos empresários com objectivo de negócio, apesar de alguns terem já visitado esse local em particular, manifestando toda a intenção de investir. E tem que ser agora!
Olhemos no ditado que diz “Não se deixa para amanhã o que se pode fazer hoje. Venham agora e desenhem o vosso negócio! O êxito do vosso investimento pode residir em Pico de Antónia.
Opinião
Silvino Batalha
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