segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Influência do desporto e da arte na construção ou reconstrução da imagem dos Políticos.

Ainda no séc. IV a. c. um grande filósofo grego de todos os tempos – Platão, demonstrou ser um grande intelectual e político de convicção, não só pela capacidade retórica de abordagem das coisas, mas também pela energia acumulada, resultante da grande paixão pelo desporto - o culturismo. É por isso que desdo momento em que se começou a fazer política no mundo, o desporto foi visto como actividade de grande relevância na vida humana. Esse primeiro e talvez o último defensor da tese de que “o estado deve ser governado não pelos mais ricos, os mais ambiciosos ou os mais astutos, mas pelos mais sábios", teve um grande papel junto dos jovens políticos e intelectuais atenienses em termos do reconhecimento da relevância do desporto na Sociedade Grega da época, assim como na defesa da cidade ideal – a Polis. Até porque se acredita que seu nome verdadeiro tenha sido Aristócles. Platão, segundo o dicionário “weekpedia”, era um apelido que, provavelmente, fazia referência à sua característica física (por ex. ombros largos).

O modus vivendi actual testemunha o facto de que o desporto desempenha um papel extremamente importante na vida humana, sobretudo na dos políticos que, segundo Pútin ( o ex-presidente da Rússia), devem mostrar, não só psicológica e mentalmente preparados, como também fisicamente, , como forma de (provavelmente )poder convencer as pessoas sobre as reais capacidades de defender os interesses da nação. E quem diria que ele falhou na tal afirmação?

A meu ver é muito importante a referência, no séc. XX/XXI, de figuras, como Ronald Reagon (ex. actor e XLº Presidente) nos Estados Unidos da América que, antes de aderir à careira política, foi um dos monstro da Holly Wood, tendo passado pelo Estado da Califórnia, enquanto Governador desse. Foi aquele que, conjuntamente com Gorbatchov (na ex união soviética), pós fim a guerra- fria de quase meio século; Neste novo milénio, destaca-se um outro Barão da holly wood - Arnold Schwarzenegger, americano de origem austríaco, culturista e Mister universo que, posteriormente, conquistou o estatuto do governador dessa Cidade - Estado e, pode vir a ser o presidente dos EUA; Também torna-se relevante olhar para outro lado do planeta e descortinar o 2º Presidente da Rússia – Vladmir Putin que também teve um grande papel no desporto (Publicou recentemente um CD sobre a sua historia no Judo);Boriz Nemtsov - o líder de ÇAIUZ PRAVIH CIL (união das forças da direita) ainda um grande Surfista que já foi vice-primeiro-ministro da Rússia; GregoriYavlinski( russo de origem Ucraniano), Doutor em Economia, líder partid´rio - Yáblaca, bi-campeão em BOX e vários deputados do DUMA (Parlamento russo) que passaram por mais prestigiados desportos,etc; Bratiá (irmãos Dmitry e Vitale) Kulitchikov da Ukránia, Doutores (PhD) em Ciências filosóficas, ambos campeões mundial da modalidade de Box Profissional, que lutaram em representação da Alemanha nessa modalidade. O Nelson Mandela, ex. Boxeiro e 1º Presidente negro na história de África do Sul pós – apartheid; O presidente Obama, basquetebolista - amador, em fim, um grande número de ex. e actuais atletas (como no caso de Barak Obama e Vladmir Putin- o actual primeiro-ministro russo,etc) com grande popularidade e sucesso na política. Mesmo, evocando a eventualidade, a exposição das suas imagens pela mídia, relatando a vida desportiva do jovem Obama durante a campanha para as eleições presidenciais nos EUA, foi sem duvida uma grande filosofia de marketing pessoal e político.

De afirmar a existência de um casamento entre essas duas coisas: Desporto e Política. Isto para dizer que o desporto não existe separado da política e nem política separada do desporto. Fica-se satisfeito quando de madrugada e final da tarde se vê cabo-verdianos e estrangeiros, inclusive alguns intelectuais nossos, caminhando ou correndo nas avenidas da capital.
De um modo geral, no nosso país de entre a classe política, apenas uma minoria simples passou pelo desporto e se ocupa dessa actividade e, muitas vezes o fazem, apenas, temendo ou protegendo da obesidade. Mas também muito aprazivelmente se refere personalidades cabo-verdianas com grandes convicções morais e políticas, como o Dr. João Baptista Pereira, o presidente da câmara de São salvador do Mundo, o Dr. Eurico Monteiro, deputado da nação e ex. líder partidário, Engenheiro Agrónomo e ex. Deputado da nação - Moisés Vaz, atleta e fundador da escola de arte marciais (JIU Jutsu) no município de São Lourenço na ilha de Santiago; Veiga o ex- candidato à Presidência da CMP; Che Guevara - Jogador de Vulcanicos de Fogo; Miguel Costa - Box (Deputado de S. Vicente) e foi presidente de Associação de Box,etc.


Entendo que não se pode pensar no desporto, apenas quando se está perante a defesa e luta contra determinadas sintomas (doenças) e nem apenas em nome e defesa duma boa apresentação no dia-a-dia ou numa auditoria perante o público, mas sim deve ser uma das prioridades na vida humana. Porque o desporto ajuda principalmente o homo políticum a reflectir melhor no seu dia-a-dia e no local do trabalho em defesa e pensamento das aspirações da nação. O Desporto contribui para o aumento da moralidade e auto-estima das pessoas, elimina stress, contribuindo para a definição e afirmação daqueles que se ocupam da política, assim como de qualquer um, independentemente da sua função na sociedade. No mundo parece não haver mesmo um chefe de estado ou outro líder qualquer que pense na derrota por parte dos seus atletas quer seja perante a disputa em casa, quer seja fora do país. Num artigo da minha autoria, intitulado “A politica e desporto fiz referência a uma história interessante, relacionada com a posição do Presidente de um dos países da África ocidental (Costa do Marfim) com relação ao fracasso da selecção nacional a frente doutro país.


Portanto na política, não existe nada melhor do que o desporto. Um político com cérebro e boa apresentação física está em melhores condições de cativar o público do que outros com escassez do segundo. E isso, considera-se uma espécie de marketing político - pessoal.
Que fortaleçamos mais apoio moral e financeiro, promovendo e estimulando uma maior cultura artística e desportiva, visando realizar deste modo o sonho político e de um Cabo-verde que todos nós queremos.

Silvino BatalhaM-Politólogo, Mestrando em administração de empresas,

mail:ysilva2002@yahoo.fr

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

EVOLUÇÃO DA POBREZA EM CABO VERDE NOS ÚLTIMOS 20 ANOS: a atitude dos Governos.


O estudo realizado em 1993 pelo Banco Mundial com base no Inquérito das Despesas das Famílias 1988/89, “Cabo Verde A Poverty Stady” concluiu que a extensão da pobreza em Cabo Verde, isto é, a percentagem de pobres no país era de 30,2 %, sendo desses 14% muito pobres. A desigualdade na distribuição dos rendimentos não constituía um factor explicativo. O que saltava a vista era a forte clivagem meio de residência. Praticamente metade (46,1%) da população rural era considerada pobre, contribuindo para 70% da pobreza nacional.

Em 1995, por ocasião da Cimeira Mundial para o Desenvolvimento Social realizada em Copenhaga, a comunidade internacional e os países assumiram o compromisso de lutar para a erradicação da pobreza, desenvolvendo esforços conjugados tanto a nível internacional, como a nível nacional.

O Programa Nacional de Luta Contra Pobreza, de 1996, pretendia mobilizar, em primeira instância, os próprios pobres no combate ao fatalismo e a dependência do Estado em prol de uma postura positiva para a saída da pobreza, através do esforço próprio. Pretendia assumir um quadro em que o Governo, os Municípios, as Organizações de Sociedade Civil, os Parceiros Externos podiam colaborar e coordenar os esforços na busca de coerência e sinergias para uma redução sustentada da pobreza.

Na verdade o que aconteceu nos últimos anos da década de 90 é sobejamente conhecida pela sociedade caboverdeana e não só, políticas voluntaristas levada a cabo pela maioria assumida pelo MPD e liderada por Carlos Veiga, em que tiveram uma opção clara, hostilizar todos os parceiros, inclusive as externas, fazendo com que muitos destes saíssem do país, abandonando os apoios aos programas deixando os pobres praticamente à sua sorte. Como consequência a pobreza relativa agravou, passando de 30% em 1989 para 37% em 2001, sendo 54% considerados de muito pobre. Esta evolução foi confirmada pelo estudo do perfil da pobreza baseado no IDRF de 2001/2002.

Com a alternância política ocorrida em 2001 muito cedo apercebeu-se da necessidade de recuperação dos equilíbrios macroeconómicos perdidos nos finais da década de 90, da necessidade de uma mudança de atitude em relação a montagem de políticas públicas que conduzisse a um crescimento económico sustentado e da necessidade de recuperar o crédito do país junto dos parceiros de desenvolvimento. A partir de 2001 o Governo suportado pelo PAICV e liderado pelo Dr. José Maria Neves empreendeu um programa de estabilização macroeconómica apoiado por: “Staff Monitored Program” do Fundo Monetário Internacional cujo objectivo era a melhoria da gestão orçamental, da contabilidade pública e do sistema financeiro; por um crédito de ajustamento estrutural do Banco Mundial; e por um outro da União Europeia. O Governo adoptou uma política de redução de pobreza abrangente, cobrindo a gestão pública e boa governação bem como políticas microeconómicas direccionadas aos grupos alvos da população pobre.

Política essa que muito cedo começou a evoluir de formas gradual e significativa na melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos caboverdeanos. Os vários instrumentos de aferição, nomeadamente: o Inquérito Semestral ao Emprego (ISE) de 2005, de 2006 e de 2008, bem como os Questionário Unificado de Indicadores Básicos e de Bem-Estar (QUIBB) de 2006 e 2007 vieram comprovar essa evolução positiva. Esses instrumentos reportaram a melhoria no: acesso à água potável através da rede pública, a proporção dos agregados ligados à rede era de 24,1% em 2000 e passou para 42% em 2008; acesso à casa de banho e retrete, passou de 38% em 2000 para 56% em 2007; acesso à energia para a iluminação, de 50% em 2000 passou para 74% em 2007; na pose de bens de conforto como telefone, computador para não falar das melhorias introduzida na saúde e na educação.

O registo da evolução da qualidade de vida e de bem-estar da população, por um lado, prova a consistência das medidas de políticas em relação aos determinantes da pobreza e da qualidade de vida, por outro lado, prova que a maioria liderado por José Maria Neves promoveu uma cultura de sistematização e disponibilização de informações independente dos seus resultados. Afinal, longe ia o tempo em que os resultados dos inquéritos eram engavetados por traduzirem realidades inquietantes.

Durante a década de 90, período correspondente à governação de MPD liderado por Carlos Veiga a pobreza relativa agravou 7% ou seja passou de 30% para 37%. Entretanto, de 2001 a 2008, que coincide com a governação do PAICV liderado por Dr. José Maria Neves a pobreza relativa desceu 10%, passando de 37% para 26,5% . A atitude assumida demonstra claramente a ideologia dos dois partidos que governaram Cabo Verde. PAICV defensor da melhoria da qualidade de vida e bem-estar dos caboverdeanos em geral e o Movimento Para a Democracia, e MPD que defende os interesses de alguns grupos de caboverdeanos esquecendo dos grupos mais vulneráveis.

António Fernandes
Deputado da Nação
antfercv@yahoo.com.br